O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

terça-feira, 19 de maio de 2015

MITO E ALIMENTAÇÃO NA ESCANDINÁVIA MEDIEVAL


Banquete no Valhala, Carl Emil Doepler, 1905

Os alimentos são uma das mais importantes fontes para o estudo de uma sociedade no passado, extremamente relacionados a diversos aspectos cotidianos e materiais, econômicos, políticos e culturais. Recentemente, os estudos nórdicos vem incorporando análises no sentido de verificar como os alimentos se relacionam com a esfera do sagrado e da religiosidade e em, especial, com os mitos na área nórdica durante o medievo. No Brasil, a pioneira no estudo da alimentação e da gastroarqueologia nórdica é a pesquisadora Luciana de Campos, que foi convidada a escrever vários verbetes sobre o tema no Dicionário de Mitologia Nórdica, que apresentamos a seguir alguns trechos.

"O consumo de carne de caprinos pelo deus Thor está relatado na Edda Menor de Snorri Stúrluson. Nessa passagem é relatada a visita do deus que está acompanhado por Loki a casa de um camponês: ali ao cair da noite Thor mata os dois bodes que puxam a sua carroça, retira toda a carne e deixa os ossos limpos, mas os cobre com suas peles. Enquanto cozinha a carne, ordena para que ninguém mexa nos ossos e que estes sejam bem vigiados."
Excerto do verbete MITOS ALIMENTARES NÓRDICOS, escrito por Luciana de Campos, p. 313-317.

"Apesar dos excessos e da alcoolização extrema ser a conclusão obrigatória destes banquetes, existia uma ritualização na forma de beber (drykkja) e de como beber. Geralmente se bebia por rodadas (sveitardrykkja), devendo cada um passar o corno ou taça para seu vizinho (situação obrigatória para os guerreiros)."
Excerto do verbete BANQUETES RITUAIS DA ERA VIKING, escrito por Luciana de Campos, p. 57-59.

"O vinho era considerado a única bebida que Odin consumia (Grimnismál 19) e o hidromel era associado a festas no mundo dos deuses (o banquete de Égir, Lokasenna 1-65; a cuba mágica dos einherjar, Gylfaginning 38) e também a poesia e ao próprio Odin (Skáldskaparmál 1)."
 Excerto do verbete BEBIDAS SAGRADAS NÓRDICAS, escrito por Luciana de Campos, p. 63-64.


"A maioria das ervas possuía um duplo uso: medicinal e culinário, pois sua utilização como tempero era apreciada por conferir um melhor aos alimentos e também eram utilizados como conservantes dos alimentos. O uso medicinal das ervas da culinária pode ser comprovado tanto pela cultura material e também pela literatura."
Excerto do verbete PLANTAS MÁGICAS, escrito por Luciana de Campos, p. 373-377.
  

"Bebida mitológica conhecida como skáldskapar mjaðar (hidromel poético) ou Suttungmjaðar (hidromel de Suttung), pela qual todos aqueles que a bebem tornam-se capazes de recitar poesia e resolver questões gnômicas ou intelectuais. A bebida é considerada uma metáfora para a inspiração poética e é associada com Odin. Como outras preciosidades, o hidromel poético foi confeccionado pelos anões e obtido pelos ases através dos gigantes."
Excerto do verbete HIDROMEL DA POESIA, p. 247-250.

Cenas de experimentos em gastroarqueologia nórdica, realizados na Islândia